Teach For Portugal

formação com Alexandre Homem Cristo

Foi sobre este tema que os Mentores da 2ª Geração Teach For Portugal puderam aprender e trocar impressões com Alexandre Homem Cristo, o nosso convidado da última sessão de formação.

Alexandre Homem Cristo é colunista e politólogo, especialista em políticas de educação e foi conselheiro no Conselho Nacional de Educação (2013-2015).

Em primeiro lugar, percebemos que não temos em Portugal dados concretos sobre o impacto da pandemia nas perdas da aprendizagem e impacto na igualdade. A avaliar pelos dados de outros países europeus, em que em alguns casos a perda de aprendizagem equivaleu a 1 ano de escolaridade, percebe-se o primeiro dos desafios imediatos e de como este vai marcar o debate político e o trabalho das organizações: o de recuperar urgentemente as aprendizagens perdidas.

recuperação de aprendizagens

O segundo desafio, é a quantidade de professores prestes a entrar na reforma e a incapacidade de o país formar pessoas para serem professores em tempo útil para dar resposta. Em alguns casos, é já um problema atual: já se sente a falta de professores em algumas disciplinas. Educação tecnológica vai perder praticamente 100% dos docentes, o pré escolar vai perder 73%. Contudo, não há muitos jovens a escolher a carreira de professor.

Um dos desafios para a política pública na educação é incentivar e recompensar a qualidade. Outro, é alinhar a formação contínua com as necessidades sentidas pelos docentes no terreno. Para isso, é importante auscultar os professores para perceber o que é preciso. Em Portugal, a autonomia escolar é limitada, somos dos países com maior centralização do poder. A falta de autonomia escolar é sobretudo ao nível dos recursos humanos e a manutenção, havendo bastante autonomia na componente pedagógica.

Outro grande desafio é a qualificação da população adulta. Portugal está a vencer o problema do abandono escolar – há 20 anos, um terço da população tinha o 4.ª ano – e isso faz com que haja um grande gap ao nível das qualificações entre faixas etárias. Temos muitas pessoas hoje nos seus 40 anos com o 3.º ciclo. É possível olhar para isto com uma solução demográfica, que o tempo resolve, ou com uma resposta estruturada – como por exemplo uma formação de competências para o séc. XXI.

O último dos desafios para as políticas públicas em educação, abordado na conversa, pode ser a desconstrução do estigma associado ao Ensino profissional. Se se apostar na qualidade, esta pode ser uma opção muito válida, para muitos jovens iniciarem as suas carreiras.

Esta foi uma conversa muito rica que permitiu aos Mentores pensarem mais a fundo sobre os dados que temos sobre o estado da educação em Portugal, as suas implicações e possíveis áreas de intervenção para potenciar o desenvolvimento das crianças e jovens. O nosso obrigado ao Alexandre por partilhar connosco estes dados e reflexões!