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Quando começaste a acreditar que não consegues fazer algo?

Quando começaste a acreditar que não consegues fazer algo?

A Cláudia (nome fictício) é uma adolescente de 16 anos que tenta ser invisível na aula de Inglês. Sem saber ainda muito bem porquê, o Inglês tem conseguido tirar-lhe a autoconfiança. Muitas vezes, aos pedidos para participar, a Cláudia respondia “oh stora, sei lá!”.

A Cláudia tem uma reprovação, muitas dificuldades na disciplina e um peso grande das várias tentativas de recuperação nos anos anteriores. Tudo isto culminava em desistência assumida: não tomava notas; recusava-se, com inação, a resolver exercícios, e nem sequer lia para si mesma. Afirmava com certezas “oh! Não sei. Não consigo”.

Para além de não compreender o significado de grande parte do vocabulário a Cláudia também não sabia como pronunciar as palavras. Apesar disso, em tom de brincadeira, imitei-a nas frases e na postura “oh! Não sei. Não consigo!”. Sorri-lhe e baixei-me para ficar ao nível dela. Em tom de desafio perguntei-lhe “Quando começaste a acreditar que não consegues? Não acredito nisso”, mostrei-lhe um exemplo de uma palavra que ela tinha pronunciado bem e disse-lhe “Vês? Afinal sabes!”.

Todas as aulas fui ter com a Cláudia, colocando o meu dedo no texto no livro dela e lendo baixinho para ela. Repeti isto várias semanas. Depois, já era ela que ia colocando o dedo para seguir as sílabas, palavras e frases, que repetia a seguir a mim, baixinho. Trabalhámos também a mentalidade de crescimento, trocámos o “não consigo” por “eu consigo” e pela genuína celebração de cada pequeno avanço. Substituímos a espera da resolução do exercício pela tentativa de o fazer, a escuta passiva das palavras por anotações de significados, e a partilha ativa da resposta em vez de ficar à espera da participação dos colegas.

No final do período, achei que a Cláudia estava pronta e desafiei-a: “lês o próximo texto em voz alta para a turma?” Uma vez mais treinei com ela e encheu-se de coragem. A Claudia viu a minha confiança nela e leu, pela primeira vez, em voz alta para a turma. Foi aplaudida pelos colegas. E sabem o melhor? Inspirou outro colega de turma com dificuldades semelhantes a ler também para a turma. A mentalidade de crescimento é de facto contagiante!

Neste primeiro período, esta atitude permitiu à Cláudia conquistar nota positiva a Inglês.

E tu, quando começaste a acreditar que não consegues fazer algo?

Autora: Catarina Ferreira – Mentora no 2º ano do Programa de Desenvolvimento de Liderança

 


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