Autora: Joana Caldas
A Marta (nome fictício), aluna do 9.º ano, teve um ano letivo difícil. Não era minha aluna, mas fui-me cruzando com ela em diversas situações. Com um seio familiar complicado, o seu ano contou com momentos de autoflagelação, ambulâncias na escola, discussões com os pais, retirada da família.
Durante algum tempo, a Marta não ia às aulas. Não se sentia confortável na sua turma. Quando me cruzava com ela, dizia sempre ‘olá, Marta!’, e procurava conversar com ela quando a encontrava na paragem do autocarro.
Assumi, entretanto, o papel de mentora da Marta, pois estava em risco de reprovar de ano. Depois de várias sessões de acompanhamento ao longo desse período, a sua energia estava bem diferente da Marta que eu tinha conhecido. Em pouco mais de dois meses, a Marta empenhou-se verdadeiramente. Não falhou uma aula, entregou todos os trabalhos. E passou de ano.
Entre conversas, surgiu o futuro. Não tinha planos, não tinha objetivos. Não tinha falado do assunto com ninguém. Começamos, então, um caminho de reflexão.
Há pouco tempo, sem contar, senti uma enorme alegria quando me contou que queria seguir o curso de cozinha!