“Os níveis e taxas de absentismo escolar no Agrupamento de Escolas (AE) do Cerco do Porto são muito elevados, em especial, quando falamos da Escola Básica do Cerco. Veja-se, a título de exemplo, que no ano letivo 2019/2020, na Escola Básica do Cerco, 25% dos alunos (1/4) foram referenciados por absentismo escolar (ainda antes da pandemia). A maior parte destes alunos são pertencentes às comunidades ciganas. Era – e é – uma angústia para nós, quando a sala, a escola, está meio cheia, ou meio vazia. A realidade do absentismo é esta: o vazio. E esse vazio assusta-nos. O projeto “Um Cerco Educativo-Alternativo” surgiu como forma de tornar a ausência em presença: nós acreditávamos que era possível fazer alguma coisa, que era possível fazer diferente. Se os miúdos não estavam ali, eles tinham de estar algures. E fomos sempre até a eles: levando o princípio de democratização de acesso à escola e à educação ao seu limite. Há, de facto, ‘alternativas’. E vimos que estas alternativas funcionam, que somos capazes de criar curto-circuitos nas dinâmicas de absentismo” explica Tiago Lobo.

“Sobre a estratégia “6. Visitas Domiciliárias e Relentless Outreach” em várias situações, acontece que não é possível encontrar o aluno/a ou o seu encarregado de educação ou algum familiar, nem no contexto de rua/espaço público, nem contactá-lo pela via telefónica, pelo que a única maneira de os contactar é procurar, perguntar, observar, recolher informação e alcançar. Onde quer que eles estejam e como estejam, não importa, nós vamos lá. No “13. Design e Implementação de Jogos” o projeto inventa, desenha e implementa os seus próprios jogos, através de estratégias de gamificação, com diversos objetivos. Na 9. Sala-de-aula de rua acontece que individualmente ou em grupo, no espaço público e reunindo-se as condições físicas para o fazer, as crianças e jovens realizam tarefas escolares sob nossa orientação e são expostas a conteúdos de aprendizagem duma forma didática que é imediatamente relacionável com a realidade em seu redor no momento, ou com as culturas locais, permitindo dar sentido às aprendizagens: os bancos, as escadarias de blocos, os passeios, uma caminhada em movimento, todos podem virar instrumentos e sítios escolares.”