Existe uma história que me toca particularmente. É sobre dar tempo e respeitar o ritmo de cada um. Começa no meu primeiro ano na escola como Mentor e nas aulas de matemática, o pesadelo de muitos.
A professora colocou exercícios no quadro e pediu à turma para resolver e, depois de algum tempo, percebi que uma aluna, que ficava num lado isolado da sala, tinha os exercícios resolvidos de forma errada. Não podia deixar passar e fui falar com ela sobre os exercícios, mostrando disponibilidade para ajudar. Todavia, a aluna não queria a minha ajuda e ficou bastante aborrecida. Num gesto rápido escondeu o caderno para que não o pudesse ver. Senti que era algo que não queria partilhar. Apesar de me fazer confusão, afastei-me e apenas pedi à aluna para atentar à correção.
Aula após aula fui perguntando se era necessária ajuda, se tinha dúvidas e mostrei-me disponível. Falei com ela sobre adorar matemática, mas quando era novo era tão mau que, no secundário, procurei fugir. Criou-se empatia com estas interações e aos poucos fui corrigindo o seu caderno, fomos falando e ela tinha o dedo no ar para me chamar. Foi um trabalho de apoio e de motivação, onde criámos um grupo de trabalho com os alunos que revelavam fragilidades nos conteúdos e trabalhámos juntos em sala de aula.
No início deste ano letivo, o meu segundo ano de programa, a aluna chama-me e pergunta se vamos trabalhar juntos. Queria “aprender melhor matemática”. A ideia foi proposta e estamos a trabalhar em grupo novamente, com o objetivo de desenvolver nos alunos a capacidade académica, de autorregulação, metacognição e motivação.
Autor: Pedro Pinto – Mentor no 2º ano do Programa de Desenvolvimento de Liderança