Naquela manhã de Outono, o dia era cinzento e a semana começava às 8h15 com a aula de Português. Os olhares por cima da máscara eram sonolentos e simultaneamente curiosos. No desenrolar da aula, a professora ensina os tipos e formas das frases. Vai questionando os alunos, em busca da sua participação.
O Tomás (nome fictício) prendia o olhar no caderno, na tentativa constante de passar despercebido, em silêncio…
O sentimento de incómodo ia tomando cada vez mais conta de mim. De que forma podia chegar àquele aluno? O Tomás disse-me uma vez: “Tenho medo de errar. Por isso não falo.”
Foi aí que, num pequeno post-it, escrevi e colei no seu caderno “Eu acredito no teu potencial. Participa sem medo. Estou aqui para ti!”.
O Tomás falou, ainda com voz trémula, claramente com o coração a palpitar e procurando a minha validação. Quando terminou de falar os seus olhos sorriram, orgulhoso. Senti naquele momento o grande impacto que um pequeno gesto pode ter. A diferença pode estar no pormenor. O potencial está todo no Tomás.